Metabolismo ósseo: qual a relação com osteoporose e outras doenças hormonais?

metabolismo-osseo-doencas-dra-mariana-ataide-endocrinologista-sao-paulo

O metabolismo ósseo é um processo dinâmico e fundamental para a manutenção da saúde dos ossos, envolvendo o equilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea.  Quando esse equilíbrio é rompido, podem surgir condições que afetam diretamente a qualidade e a resistência dos ossos. No geral, alterações hormonais exercem papel fundamental nesse processo, interferindo na densidade mineral óssea e aumentando o risco de fraturas.  Portanto, compreender essa relação é essencial para prevenir complicações e garantir qualidade de vida. O que é metabolismo ósseo e por que ele é essencial para a saúde dos ossos? O metabolismo ósseo é o conjunto de processos biológicos responsáveis pela formação, remodelação e reabsorção dos ossos ao longo da vida.  Esse equilíbrio dinâmico ocorre, principalmente, graças à ação de células especializadas, como os osteoblastos, que formam tecido ósseo, e os osteoclastos, que o reabsorvem.  De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), esse ciclo contínuo é fundamental para a manutenção da densidade e da resistência óssea. Quando há desequilíbrio nesse processo, os ossos tornam-se mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Por isso, o metabolismo ósseo é essencial para preservar a resistência, a integridade estrutural e a saúde global do sistema esquelético. Além disso, o processo garante a regulação de minerais importantes, como cálcio e fósforo, substância vitais em funções musculares, nervosas e hormonais.  Qual a relação entre desequilíbrios no metabolismo ósseo e as doenças ósseas? Alterações no metabolismo ósseo podem levar ao desenvolvimento de diversas doenças ósseas importantes, comprometendo a resistência e a integridade do esqueleto. Entre elas, destacam-se condições diretamente ligadas à deficiência de vitamina D, como o raquitismo, que ocorre em crianças, e a osteomalácia, mais comum em adultos. Outra doença frequente relacionada ao metabolismo ósseo é a osteoporose. Raquitismo Essa condição se caracteriza pelo enfraquecimento e pela deformidade dos ossos em fase de crescimento, já que a falta de vitamina D compromete a absorção adequada de cálcio e fósforo, minerais fundamentais para a mineralização óssea.  Isso pode resultar em atraso no desenvolvimento motor, dores ósseas e alterações na formação dos ossos longos. Osteomalácia Na vida adulta, a deficiência de vitamina D pode levar à osteomalácia, condição em que os ossos tornam-se frágeis e dolorosos devido à mineralização inadequada. Normalmente, após a produção da matriz orgânica (composta principalmente por colágeno), ocorre a deposição de cálcio e fósforo, que dão rigidez e resistência ao osso. Quando há deficiência de vitamina D, ou em alguns casos, baixa disponibilidade de cálcio ou fósforo, esse processo de mineralização não acontece de forma adequada.  O resultado é a produção de uma matriz óssea “mole”, chamada osteóide não mineralizado, que não adquire a dureza necessária. Isso faz com que os ossos fiquem frágeis, dolorosos e propensos a deformidades ou fraturas, mesmo em situações de pouco impacto.  Osteoporose Em condições normais, o ciclo do metabolismo ósseo garante a manutenção da densidade e da resistência óssea.  Entretanto, quando há um predomínio da reabsorção óssea sobre a formação, ocorre a perda progressiva de massa e qualidade do osso, favorecendo a osteoporose.  Nesse caso, o paciente tem risco elevado de fraturas, que podem comprometer a mobilidade, causar dor crônica e reduzir a qualidade de vida do paciente.  Para todos os casos, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, com reposição de vitamina D e correção de fatores associados, são fundamentais para prevenir complicações e preservar a saúde óssea ao longo da vida. Quais fatores podem levar a desequilíbrios no metabolismo ósseo? Confira abaixo os principais fatores que podem levar a desequilíbrios no metabolismo ósseo: Envelhecimento e alterações hormonais  A menopausa causa queda nos níveis de estrogênio, o que acelera a ação dos osteoclastos, responsáveis pela reabsorção óssea. Em homens, a deficiência de testosterona também impacta negativamente a formação óssea. Deficiências nutricionais A falta de nutrientes essenciais como cálcio, vitamina D, C, K, B12 e proteínas compromete a mineralização e formação óssea. Estilo de vida prejudicial  Sedentarismo, baixo peso, consumo excessivo de álcool, tabagismo e uso inadequado de medicamentos interferem no equilíbrio da densidade óssea. Doenças endócrinas e crônicas  Hipertireoidismo, síndrome de Cushing, hipogonadismo, diabetes tipo 1, insuficiência renal crônica e outras condições inflamatórias ou autoimunes aumentam a reabsorção óssea ou diminuem a formação óssea. Genética  A predisposição genética é determinante para o pico de massa óssea e para variações na densidade mineral, influenciando o risco de osteoporose futuramente. Como avaliamos o metabolismo ósseo? A avaliação do metabolismo ósseo é um processo fundamental para compreender a saúde dos ossos e identificar precocemente possíveis alterações que possam levar a doenças como a osteoporose.  No campo laboratorial, analisamos marcadores bioquímicos que refletem a formação e a reabsorção óssea, como cálcio, fósforo, vitamina D e hormônio da paratireoide (PTH). Esses elementos são centrais na regulação do equilíbrio mineral.  Além disso, a dosagem de fosfatase alcalina óssea e de telopeptídeos pode oferecer informações adicionais sobre a dinâmica do remodelamento ósseo. Já os exames de imagem, especialmente a densitometria óssea, são essenciais para mensurarmos a densidade mineral óssea e detectar a perda óssea antes mesmo de ocorrerem fraturas.  Em alguns casos, podemos indicar exames complementares como radiografias ou a avaliação da microarquitetura óssea para aprofundar a investigação.  Quais estratégias de prevenção podemos adotar em casos de alteração no metabolismo ósseo? A primeira medida é garantir uma alimentação equilibrada, rica em cálcio e vitamina D, já que esses nutrientes são fundamentais para a formação e manutenção da densidade óssea.  Além da dieta, a exposição adequada ao sol auxilia na síntese de vitamina D, embora em alguns casos seja necessária a suplementação. Outro ponto essencial é a prática regular de atividade física, especialmente exercícios com impacto leve a moderado e treino de resistência, que estimulam a remodelação óssea e reduzem o risco de fraturas.  Também é importante evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, que aceleram a perda óssea e aumentam a fragilidade esquelética.  Em pacientes com fatores de risco, como menopausa precoce, histórico familiar de osteoporose ou uso prolongado de corticoides, o acompanhamento médico deve ser mais próximo, com exames periódicos para rastrear alterações